Yasmine Saif
No dia 19 de junho iniciou-se o Ano Sacerdotal
proposto pelo Papa. Assim, pensamos em conhecer o
local em que tudo começa, onde esses sacerdotes
são formados; no caso do Rio de Janeiro, o
Seminário São José, que existe desde 1739 e fica no Rio Comprido.
Fui recebida por Pe. Bruno, prefeito de disciplina em Teologia (uma espécie de coordenador) e 4 seminaristas: Tiago, Leandro, Arnaldo e Jeffry.
Comprovei que não é fácil tonar-se padre: são 8 anos de estudo, sendo 1 de propedêutico (seminário introdutório, quase um pré-vestibular), mais 3 anos de Filosofia e 4 de Teologia. Provavelmente por isso, hoje são aceitos, apenas, “candidatos” com 2º grau completo.
Os 111 seminaristas têm ainda, aulas de grego, hebraico e latim – a pior, segundo Tiago. Mas que possibilitam um contato mais profundo com a Sagrada Escritura. Há também disciplinas como Homilética – ministrada por nosso pároco, que ensina como preparar homilias –, aulas de educação física, canto e muito mais. Uma curiosidade é que alguns professores nem são católicos. E, de 15 em 15 dias, há direção espiritual, parte mais importante, quando eles falam das vitórias e dificuldades no caminho. Os rapazes também são responsáveis pela limpeza dos quartos individuais, de áreas comuns e ainda lavam louça.
Podem ter computador nos quartos (que são individuais), mas acesso à internet, só em horários específicos e TV, apenas para noticiários e jogos de futebol. E nos fins de semana, nada de descanso: há o estágio pastoral obrigatório!
Mas quem pensa que eles reclamam, se engana. Todos demonstram grande alegria de estar ali. E, claro, nem tudo é “ralação”. Recentemente, por exemplo, fizeram um passeio à Restinga de Marambaia e é comum a exibição de filmes e confraternizações. Também há a festa junina e as olimpíadas.
E que tipo de pessoa procura o seminário, perguntei a Pe. Bruno: “Tiago é de Copacabana, Jeffry é da Nicarágua, Arnaldo é de Campo Grande e Leandro é do Recreio. Mas a maioria vem da zona oeste e tem entre 20 e 25 anos, mas há exceções, como o Irapuã, de 57 anos”.
A cada seminarista, pede-se uma colaboração mensal de R$120,00, geralmente paga por suas paróquias. O valor é quase simbólico, pois o custo é de cerca de R$900,00 (incluindo estudo, moradia, etc). Por isso, é importante colaborarmos com o seminário, “adotando” um seminarista, ou através da Obra das Vocações Sacerdotais (Conta nº72030-5, Ag. 0814-1, Bradesco).
Após a conversa, fiz um tour pelo seminário, conheci o refeitório, a capela e descobri que há até uma sala de musculação e uma barbearia! E as salas são uma graça! Pintadas com tons pastéis e cortinas combinando, lembram berçários, o que é apropriado, se pensarmos que o termo “seminário” vem do latim “seminaru”, mesma origem de semente”, ou seja, é ali que são gerados os padres do futuro...
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Entrevista na íntegra
Seminaristas:
-Nomes e idades e ano que cursam.
Leandro Lening – 26 anos – 2º ano de Teologia
Thiago Bartoli – 23 anos – 2º de Filosofia
Jeffry Ribas – 28 anos – 2º de Filosofia
Arnaldo Rodrigues – 32 anos – 2º de Teologia
Padre:
Bruno Bastos Lins, 29 anos, ordenado há cerca de 3 anos
- Pe. Bruno, qual sua função aqui no seminário?
Minha função é a de prefeito de disciplina de Teologia. O corpo de formadores aqui é o seguinte: temos o reitor, responsável maior (é o Monsenhor Hélio Pacheco); auxiliando-o de modo mais próximo, há os prefeitos de disciplina, um para Teologia (eu, por enquanto, pois estou indo para o Vaticano) e o da Filosofia. Tem os 2 diretores espirituais residentes que ficam mais com a parte da intimidade espiritual dos seminaristas. O prefeito é tipo um coordenador, cuida mais da parte técnica, vai auxiliar para que o seminarista tenha um perfil e estilo de vida próprios de um sacerdote. Também há o vice reitor q além de substituir o reitor em sua ausência, fica um pouco responsável pela parte mais material, da casa, de manter a infra estrutura do seminário
- O que deixaram para trás para seguir a Cristo?
Leandro Lening – mesmo antes de entrar para a faculdade, já vislumbrava ser sacerdote, desde os 14 anos, era muito comprometido com as atividades da paróquia; aquele amor por estar perto das coisas de Deus sempre me atraía, mas restava uma incerteza, algo que me lançasse para frente... Prestei o vestibular para engenharia na UFRJ e, se não fosse sacerdote, é o que eu seria. Comecei, mas só pude resistir por 2 anos. Lá em casa e até os padres do seminário perguntavam se eu queria mesmo abandonar a Engenharia “que também é conquista sua”, diziam, e eu disse “com certeza”. Seria largar algo que para mim era precioso em prol de algo muito mais precioso.
Thiago Bartoli – fazia faculdade de Direito na Estácio de Sá. Mas desde os 12 anos já sentia o desejo de ser padre. Eu fiz primeira comunhão, crisma, etc, na Santa Cruz de Copacabana, mas os grupos que atingiram mais minha espiritualidade, e onde ficava mais em contato com os padres era na Paróquia Nossa Senhora de Copacabana. Minha casa sempre teve muitos padres e seminaristas. Com 12 anos eu tinha esse desejo e o Pe. Leonardo Agostinho, na época, seminarista, frequentava minha casa e eu fugia dele, era uma briga interna porque eu sentia esse desejo. Já estava na faculdade, namorava, gostava de futebol, praia, bem zona sul... , mas foi ficando mais claro para mim...
Para a maioria dos seminaristas o maior problema é falar com a família, para mim a dificuldade não era esta, quando eu falei, foi uma festa, minha mãe ficou muito emocionada. Hoje posso provar que nesse lugar me sinto feliz, em paz e fazendo aquilo que quero.
Jeffry – vim para o Brasil fazer mestrado em Economia e trabalhava no IPEA, tinha vindo por intercâmbio no final da faculdade. Fui ficando mais próximo das coisas de Igreja, fiquei mais engajado, conhecendo padres e crescia em mim essa vocação de ser padre até que vim para um encontro de discernimento vocacional. Minha vocação surgiu no Brasil.
Em relação a minha família, religiosos, mas nem tanto, minha mãe se emocionou quando soube, mas disse, “pense bem” e claro, ela fica triste pela distância, mas sabe que eu estou feliz, então, me incentiva.
Arnaldo – fazia faculdade de Marketing, trabalhava na área, e fazia junto discernimento vocacional. Uma coisa que meu orientador me sugeriu é que eu terminasse a faculdade e só entrasse no seminário depois. Entrei no ano seguinte. O discernimento vocacional começou na adolescência, mas comecei a trabalhar e acabei deixando esse sonho de Deus. Mais tarde, quando o sinal estava mais forte, disse “vou me dedicar a esse chamado que já está me incomodando há algum tempo, não dá mais para adiar”.
Quando dei a notícia para minha família, foi um pouco difícil porque tenho mais um irmão e entramos no mesmo mês para o seminário... minha mãe chorava muito... Morei 2 anos em Mato Grosso, em um seminário religioso (mesma congregação de Dom Eusébio, sagrado coração de Jesus), fiquei 1 ano e seis meses, mas vi que a vocação era paroquial, ser diocesano, convivia muito com seminaristas e padres diocesanos então percebi que minha vocação não era ser religioso, mas padre diocesano, vim para o rio, estou aqui há dois anos. Meu irmão foi até a metade da filosofia e viu que não era a vocação dele.
- O que vocês estudam no seminário?
São 8 anos de formação, 1 de Propedêutico , 3 de Filosofia e 4 de Teologia.
Também Estudamos Hebraico, Grego, Latim...
Thiago - o latim é a mais complicada!
Arnaldo - Mas as matérias são todas interligadas, por mais difícil que seja estudar Grego ou Hebraico, é importante pelo contato mais direto que se tem com a sagrada escritura...
Pe. Bruno – E o latim é uma língua extremante lógica que ajuda muito na linha de raciocínio, tanto é que os documentos da Igreja são escritos em latim porque é uma língua que não se presta a interpretações equívocas, como as línguas neo latinas, como o português. O latim é muito preciso, ajuda a ter uma maior precisão terminológica.
Jeffry - A filosofia ajuda muito nesse sentido, tem matérias como Lógica, que ajudam a organizar seu raciocínio. E para abrir o leque de pensamento, é interessante pois temos professores que incorporam o “espírito” do filósofo, muitas vezes eles falam mal da Igreja, da religião, e isso é muito bom porque nos ajuda a pensar em uma resposta para dar a esse tipo de questionamento lá fora.
Pe. Bruno – Eles também fazem direção espiritual a cada 15 dias, contam a vida deles, como estão de oração, quais dificuldades pessoais estão enfrentando, quais as metas da vida espiritual: “nessa semana alcancei tal meta ou fui um desastre em tudo”... cada um tem seu ritmo, o importante é estar sempre lutando
- Como é a rotina no seminário?
Leandro - 5h45 toca o sinal, temos meia hora para nos preparar.
Pe. Bruno - De 6h20 às 6h35 há um período de meditação pessoal da palavra de Deus, a Lectio Divinae. De 6h35 as 6h55 há as Laudes (liturgia das horas), aliás, todos nós padres temos a obrigação de rezar a liturgia das horas, os salmos ao longo dos dias.
Depois, tem o café.
De 7h25 às 12h25 há as aulas da faculdade. Como eles moram no mesmo lugar em que estudam, que comem, não há como chegarem atrasados.
Depois, há o Almoço e descanso até 14h45, quando mais uma vez rezamos juntos (oração da Hora Média). Faz-se um breve lanche seguido de um momento para estudo pessoal.
Às terças (para o pessoal de Filosofia) e às quintas (para os de Teologia) à tarde, há a Educação Física, que é obrigatória.
Às 17h30, há a santa missa, momento principal do dia. É missa com a oração da tarde (as Vésperas, que são salmos, por isso é mais longa). Aqui se propõe um rigor com a celebração pois é onde os padres estão sendo formados, então tem que ser tudo muito perfeito.
Depois, há o jantar.
E, aí, à noite, depende do dia. As segundas são momento de formação das espiritualidades, como grupos de oração, carismáticos, etc, e há tempo para aqueles que quiserem ir para o computador, para a internet, ouvir o Jornal Nacional... Às terças e quintas, há o coral do seminário. O coral é para os que podem ser do coral, eu por exemplo, fui dispensado no meu 1º teste! Já o Leandro canta muito bem, o Jeffry é do Coral. E às quintas tem uma aula para o “resto”, pois uma coisa é você ter voz para o coral, outra é não saber cantar, pois cantar é uma técnica.
Às quartas feiras de 20 às 21h, tem formação, que são palestras sobre temas variados sobre a formação sacerdotal, como viver o celibato, Vida de virtude (quais as virtudes que o seminarista deve ter), e durante o Ano Paulino que acabou, vinha todo mês um professor dar uma palestra sobre São Paulo (a figura de Cristo nos textos de São Paulo, a vida de São Paulo,...). Por sinal ontem mesmo, fizemos uma peregrinação à Igreja de São Paulo Apóstolo, em Copacabana...
E às 21h faz-se o Oficio de Leituras, a última oração em comum da casa que termina por volta de 21h25.
E às 22h, recolhem-se ao quartos, onde ainda fazem uma oração pessoal e dormem (os quartos são individuais)
- E como é o estágio pastoral obrigatório? O seminário designa uma paróquia para cada um deles.Sábado, após o almoço, eles vão para as paróquias e voltam domingo de noite, até as 21h45. Desde o 1º ano de Teologia eles já vão.
- E há algum tipo de lazer no seminário?
Pe. Bruno - Nessa sexta-feira deve ter algum filme e sábado vamos fazer um passeio à Restinga de Marambaia, pegar um barco, sair de Mangaratiba. No 2º semestre tem os passeios de turma, cada turma faz o seu. E, uma vez por mês há as festas (as sextas-feiras eles se reúnem e fazem uma confraternização), não são muitas, verdade seja dita. Há também em as olimpíadas do seminário, no 2º semestre, que se estendem por 15 dias, e tem a festa junina a qual os pais também vêm.
Cada comunidade tem uma televisão para ver o Jornal Nacional e eventualmente uma partida de futebol (sob consulta). Todos podem ter computador no quarto, mas internet só fora do quarto, há uma sala só para isso.
- Os pais vêm ao seminário com frequência?
Formalmente não, mas sempre que quiserem são convidados.
- São os próprios seminaristas que fazem as tarefas, tipo lavar e passar, cozinhar, etc?
Pe. Bruno – Eles limpam os quartos e algumas áreas comuns, como as quadras, escadas, capelas, arrumam o refeitório e lavam louças para as refeições. Mas a comida é a Irmã Raquel que é responsável.
- O Seminário São José é o único do Rio de Janeiro?
Pe. Bruno - Seminários diocesanos há dois, o Seminário Arquidiocesano São José, que é este, com 111 seminaristas morando aqui e o seminário propedêutico Rainha dos Apóstolos, na Conde de Bonfim, onde residem 19 seminaristas (o propedêutico é um seminário, uma introdução na vida seminarística, e onde fazem uma espécie de pré vestibular para que, no ano seguinte, possam ingressar no seminário propriamente dito. Foi construído pelo D. Eusébio.
- Ainda há a separação entre seminário maior e seminário menor?
Pe. Bruno - No seminário menor, as crianças entravam com 13 anos e ficavam. Hoje, não existe mais no Rio, só aceitamos aqueles que estão aptos para entrar para a universidade (ensino médio completo e 18 anos). Não sei se D. Orani pretende restaurar o seminário menor.
Há alguns que se sentem vocacionados desde muito criança, a brincadeira delas era brincar de ser padre, trabalhando em paróquias eu conheci varias crianças assim, coroinhas que sempre disseram que querem ser padres e acabam sendo padres. Assim, muitas dioceses ainda têm seminário menor, mas o Rio de Janeiro, não.
- Qual o perfil dos que entram no seminário?
Pe. Bruno - Temos aqui 4 realidades distintas, o Bruno é de Copacabana, o Jeffry é uma dotado de Copacabana, mas é gringo, da Nicarágua, estava fazendo mestrado em economia na Uff. O Arnaldo é de Campo Grande, o Leandro é do Recreio dos Bandeirantes. Mas a grande maioria vem da zona oeste, penso que isso acontece pois são paróquias que já há muito tempo têm um trabalho vocacional forte, em que há uma tradição: quando os jovens convivem com os seminaristas, é mais fácil se ele pensa em ser padre, dá chance a ele de descobrir isso. Se Deus te chama e você não tem em quem se espelhar é mais difícil. Eu diria que é uma “cultura de vocações”. Na zona sul não é tão comum; eu era da Nossa Sra. da Paz e não tinha nenhum contato com seminaristas. Já na zona oeste os padres são jovens, são ordenados e vão direto para lá, enquanto na zona sul normalmente eles já são mais experientes...
- E em relação à faixa etária?
Pe. Bruno - A maioria entre 20 e 25 anos. O mais velho é o Irapuã, que tem 57 anos e está no 2º ano de Teologia. Normalmente são pessoas que, na juventude, pensaram em ser padres mas pelas vicissitudes da vida não puderam dar vazão ao chamado, tinham que cuidar da família, etc e uma vez que essas responsabilidades desapareceram, eles vêm.
-No seminário há individualização dos seminaristas, sendo reconhecidos e estimulados o desenvolvimento de seus carismas pessoais?
Pe. Bruno - A proposta do seminário é formar padres segundo o que a Igreja pede. Alguém disposto a dar a vida pelas ovelhas. Cada um tem suas qualidades e limitações, então é papel do formador estar ajudando, para que eles possam ir desenvolvendo: esse pode ser professor, esse pode ser músico, etc. Agora, outras características mais relacionadas a questões profissionais, por exemplo, se é um bom administrador de empresas, normalmente não, até porque eles não têm nem tempo, eles têm pouquíssimo tempo ate para cultivar coisas particulares. Eles com o tempo vão vendo como vão aplicar aquilo.Nós não queremos, Por exemplo, formar um padre cantor, não é função do seminário, e sim fazer alguém que possa fazer “tudo para todos”, como dizia são Paulo, se ele tiver que cantar, que escrever... depois acontece.
E se eles se sentirem chamados depois do seminário e o bispo concordar, podem fazer uma especialização.
-Há algum preparo para o uso dos vários meios de comunicação para evangelização?
Pe. Bruno - Aqui os seminaristas trabalham em 2 programas de rádio, o ComVocação feito pelos seminaristas e o da OVS de que eles participam. Tem agora um seminarista fazendo comunicação no vicariato de comunicação social.
-Existe intercâmbio entre os vários seminários?
Pe. Bruno - Há encontro de seminaristas mais do que de seminários, sobretudo ligados as espiritualidades, há o retiro nacional dos seminaristas, promovido pela renovação carismática, então, os seminaristas que seguem a espiritualidade carismática, participam nas férias, quando há esses encontros, tanto a nível nacional como regional. E há outros como os da Comunhão e libertação, os Focolaristas, o Opus dei... E também há uma experiência missionária, há 3 anos eles vão a Paranatinga, Mato Grosso e ficam lá 15 dias como missionários.
- O que é a Obra das Vocações Sacerdotais?
Pe. Bruno - É uma organização que funciona a nível paroquial e diocesano. Cristo foi um grande comunicador, não porque falava bem ou só por causa da verdade, mas porque ele usava o testemunho de vida, o testemunho que primeiro eu faço e depois eu transmito: o papel fundamental da OVS é rezar pela santidade dos seminaristas pois nada adianta darmos formação acadêmica, humana, se não existe uma vida de união com Deus, vão ser máscaras que vão cair pois vai faltar autenticidade naquela vocação. Quando pessoa é apaixonada pelo Senhor, vai transmitir, mesmo que não seja o melhor dos pregadores. Exemplo: o padroeiro do clero, São João Maria Vianey era um homem limitadíssimo intelectualmente e no final, as pessoas saiam da Sourbone para se confessar com ele, era um santo. As pessoas estão cansadas de discursos. João Paulo II dizia que as pessoas querem ver Jesus e não se vê Jesus com coração vazio.
E a OVS ajuda também a manter o seminário, dá uma ajuda econômica nada desprezível que faz parte da manutenção material do seminário. É ligada à arquidiocese, tem por presidente diocesano o reitor do seminário e cada paróquia normalmente tem um núcleo, normalmente as pessoas que fazem parte da OVS se reúnem para rezar pelas vocações e fazem coletas ou atividades para ajudar.
- Como que recursos, além desses, se mantém os seminário?
Pe. Bruno - Basicamente por doações. Alem da OVS temos a Campanha de benfeitores, para conseguir benfeitores para o seminário e convidado pessoas para adotarem um seminarista; há uma conta para os depósitos e há, da parte do seminário, uma carta dando mensagens para essas pessoas que os adotam, são inclusive convidadas para alguns eventos, como por exemplo a festa junina.
- Os seminaristas têm que dar algum tipo de ajuda de custo para o seminário?
Pe. Bruno - É pedido aos seminaristas não uma mensalidade, pois o seminário é entidade sem fins lucrativos, mas se pede que o seminarista contribua com uma quantia praticamente simbólica de 120,00; normalmente a própria paróquia de onde ele veio ou onde ele está estagiando costumam arcar com este custo.Um seminarista custa por mês de 800 a 900 reais, pois aqui eles têm alimentação, moradia e estudo, sendo esse o mais caro pois sustentamos, aqui, duas faculdades.
-Ainda é Pe. Jose Roberto que dá as aulas de Homilética? Em que consiste? Qual a importância de um padre com uma boa homilia?
Pe. Bruno - Não tenho muita ideia pois estudei na Espanha. Lá não temos Homilética, tínhamos cursos de retórica e oratória que nos davam técnicas de como fazer uma homilia, quais as regras de um bom discurso e depois a gente tinha a prática, por exemplo, para aula que vem vocês vão ter que preparar uma homilia sobre tal tema. Davam uma passagem bíblica e diziam que a gente tinha 5 minutos para preparar e outros 5 para apresentar, para temos a facilidade, pois oratória é técnica. Padre diocesano não pode ser tímido...
- Como é a relação dos Bispos com o seminário?
Pe. Bruno - Temos aqui no seminário um bispo auxiliar, Dom Wilson que está no mínimo uma vez por semana, vai conversando com alguns, sobretudo os mais próximos da ordenação. Os bispos são os responsáveis primeiros pela vocação sacerdotal , mas como dar conta de todos os seminaristas!? Delegam, então, essa função a nós, e eles vêm aqui dar complemento. O próprio Dom Orani já manifestou que quer estar aqui no seminário duas vezes por mês. Que conhecer cada seminarista.
- Quando o seminarista se torna padre, cessa sua formação ou o padre continua tendo “reforço escolar”? Pe. Bruno - Está previsto pelos textos da Igreja que haja formação permanente. Alguns padres continuam estudando, geralmente sob a orientação dos bispos, aqueles que têm uma facilidade com o estudo acabam sendo orientados. Outros fazem alguns cursos, também de acordo com o bispo e há os encontros do clero que visam dar conta dessa formação para que eles estejam sempre se atualizando. Eram 2 encontros por ano com Dom Eusébio, para constatar problemas da diocese bem como de temas de atualização; vinha algum bispo ou padre, para tratar de assuntos como o documento de Aparecida, bioética, etc. E há os retiros obrigatórios, todo ano.
- Alguma mensagem?
Pe. Bruno - a vocação é um caminho através do qual encontramos a plena realização. A pessoa tem que se entregar, seja ao matrimônio (viver com uma pessoa que não é idêntica a você) ou o sacerdócio, vivendo todas as dificuldades, como morar sozinho, o celibato, etc. O que importa é saber que sua vida está sendo plenamente vivida, que vale a pena. Por isso muitas vezes você pergunta como alguém está e a pessoa responde “estou indo”, é que ela não está bem na sua vocação.